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Escrevendo Dramaturgia

Conversamos com Celso Sisto sobre dramaturgia, contação de histórias e leitura. Em novembro, Celso irá ministrar a oficina
Escrevendo Dramaturgia
na Metamorfose.

Celso Sisto é ator, arte-educador, artista visual, ilustrador, escritor, contador de histórias e professor universitário. É especialista em literatura infantil e juvenil, mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Doutor em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e realizou estágio de Pós-Doutoramento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Escritor de livros para crianças e ilustrador, já publicou mais de oitenta livros e colecionou alguns prêmios, como o de autor e ilustrador revelação, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, em 1994 e 1999, e o Açorianos (2011), nas categorias Livro do Ano e Livro Infantil.

Muitas pessoas confundem dramaturgia com roteiro. Qual a diferença?

São conceitos que tem proximidades e afastamentos.
No meu caso, especificamente, estou falando de dramaturgia teatral. Dramaturgia para a cena, pensada exclusivamente para a encenação de um espetáculo teatral. Então estou falando da construção de uma história na base da ação, que vai se desenrolar na presença de um público, através do embate entre os personagens envolvidos na trama. Os diálogos entre os personagens são elementos de suma importância na dramaturgia teatral, bem como as ações e reações dos personagens também a partir de um conflito básico; as orientações cênicas do dramaturgo, incluídas no texto; as indicações de cenários ou ambientação cênica; o início e o de fim de cada cena, para compor um todo que é uma peça teatral, e que nada mais é do que uma obra para ser posta de pé por um encenador.

Mas uma peça teatral pode ser vista como uma sequência de cenas, que por sua vez pode ser entendida como um roteiro. Temos dramaturgia no teatro, na televisão, no cinema, num espetáculo de dança, num espetáculo circense...
Então, os dois conceitos possuem pontos de contato e pontos de afastamento. São questões muito amplas e não vamos poder resolvê-las aqui!


- Qual a diferença na escrita de uma dramaturgia para crianças e para adultos?

Grosso modo, nenhum! Isto é, o que orienta/define a escolha do público na obra (cênica e outras) está circunscrito à questão temática, ao uso da linguagem, à duração da trama, à complexidade das ideias envolvidas na história, à criação dos personagens que vão desenvolver a trama e à própria maneira de abordar o tema. O encaminhamento que o autor vai dar a tudo isso é que vai ser determinante. No caso do teatro você ainda pode ter um texto direcionado para um público e o encenador optar por construir um espetáculo para outro público.

- Qual semelhança e diferença pode apontar entre textos para publicação em livro e textos de para dramaturgia?

Qualquer texto pode ser publicado em livro! Escrever um romance, uma novela, um conto, uma crônica, um poema não é a mesma coisa que escrever uma peça teatral. Mas tudo pode virar livro, não é mesmo? Com um tratamento editorial adequado, claro! Acontece que vivemos num país que não tem o costume de publicar livros de peças teatrais. Os textos clássicos, inclusive, acabam sendo lidos por um universo de leitores que, em sua maioria, são do meio teatral, profissionais ou estudantes da área. E se prensarmos no teatro contemporâneo, isso ainda é mais escasso. Por outro lado, temos a figura do dramaturgo que acompanha os trabalhos do encenador e seu grupo durante os ensaios e processos de montagem, escrevendo o texto dramatúrgico a partir do que ele vê e ouve no processo de construção do espetáculo. Poderíamos dizer que o texto dramatúrgico é um texto funcional e tem o objetivo primeiro de orientar a construção do espetáculo.

- Você é um dos maiores especialistas em contação de histórias do país. Quais os pontos de contato entre a dramaturgia e a contação de histórias?

O contador de histórias também executa uma dramaturgia numa sessão de contos. Ou seja, tudo que é cênico tem uma dramaturgia. O aspecto dramático é o maior ponto de contato. Um contador de histórias realiza dramaticamente uma história na presença do seu público ouvinte. Isso quer dizer que ele executa todos os papéis da história que conta: o do narrador, o dos personagens, quando há texto em discurso direto (fala ou diálogo entre personagens), e até o de comentarista da história, mas ele não encena a história. Quem encena é o ator. Também a relação com o tempo no contar histórias é um e no teatro (realista) é outro. Enquanto o tempo do contador é evocativo e ele vai narrar algo que ele já conhece e já aconteceu, o tempo do teatro realista é o do presente e o ator quer fazer crer que o seu personagem vive aquilo pela primeira vez, ali e agora. Há mais questões, mas por ora, essas são básicas.

- Que dicas você daria para quem quer ser contador de histórias?

Ler muito é a primeira. Estar mais interessado em ser porta-voz das boas histórias que ele conta e pode contar do que promover-se através da arte. Um contador é instrumento da história que ele conta. E não o contrário. Mas é preciso conhecer literatura, dominar um pouco o panorama histórico dessa arte; frequentar o trabalho de outros contadores de histórias; ir às livrarias fuçar os livros; frequentar a biblioteca; não ter pressa; saber que o processo de construção e amadurecimento de uma história leva tempo; investir na permanente qualificação dos seus recursos técnicos (domínio do texto, uso do corpo e da voz, principalmente); ensaiar, exercitar; confiar mais no jogo de cintura que nasce do domínio técnico do que do improviso. Um contador de histórias é uma construção de longo prazo.

Entrevista com Celso Sisto

 

 

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