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Escrevendo Poesia

Vera Verissimo, formada em Letras, é escritora. Tem três livros publicados pela Editora Metamorfose: Eterno Tardio Retorno, Os Elos da Corrente e Matérias do Mundo.

Nesta entrevista ela nos conta sobre o seu processo de escrita e como a vontade de escrever poesias surgiu em sua vida. Além disso, a escritora também dá dicas para quem gostaria de seguir esse caminho.

Como nasceu a sua vontade de escrever?

Minha infância foi rodeada de leitura. Mãe e tias professoras e autoras, livros em casa, época das histórias de fadas, interesse adolescente por línguas. Daí o Curso de Letras, ênfase em Inglês. A vontade nasceu durante uma bolsa de estudos nos USA, onde a poesia inglesae a americana se tornaram parte de minha vida e me influenciaram, pois tenho a tendência a escrever versos longos, apesar de serem sem preocupação métrica, apenas sonoridade e pensamento. Nos autores brasileiros, aumentei a base para uma bagagem de suporte. De todas essas fontes retirei o interesse por temas reflexivos.

Como funciona o seu processo de escrita?

Arquivo e anoto ideias que surgem, comentários a leituras, a filmes, a outros livros e poesias. Quando me decidi a publicar, adotei um pouco mais de organização e, então, se tenho uma ideia chave, procuro textos que se adaptem e dali parto para compor um todo organizado. Tenho que me organizar antes dessa fase, ou seja, primeiro ter o tema e o arcabouço imaginado, até com título previsto, início e fim, estrutura básica e suas partes. Ideias de outros autores também são pontos de partida para a estrutura. Tenho influência do modo de trabalhar do tempo de meus cursos de formação, quando adotei um método científico de escrita.

O que é mais difícil: escrever ficção ou poesia?

De modo geral, difícil é o que é difícil para cada um. Para mim é narrativa longa. A ficção exige uma dedicação longa, quase exclusiva. A poesia é mais livre, tem suas dificuldades específicas, mas é possível escrever pouco de cada vez.

Qual dica você destacaria para autores iniciantes que querem escrever poesia?

Começar a escrever e depois fazer autocrítica sem preocupação. Tanto quanto para a prosa, ler muito. Conhecer regras básicas sem rigidez, observar diferenças de estruturas, tentar entender a essência de um poema lido. Não se incomodar com revisar e eliminar o que puder.

Muitos dizem que hoje mais importante do que a rima é o ritmo em um poema. Você concorda?

O importante é o autor se decidir quanto ao tipo de estrutura que vai usar. Naturalmente, só rima não faz de um texto um poema, e, hoje, prescinde-se dela. O ritmo pode dar um tom mais poético a um texto, sem rima. A forma, como colocar uma imagem em palavras, pode determinar um ritmo, uma estrutura de verso. Há ritmos bem regulares que funcionam como música, também. Vale lembrar que, historicamente, a poesia era oral e acompanhada de música. No entanto, a rima também puxa para um ritmo, como é o caso de poesia popular, como a nossa regionalista ou a de cordel, com suas características pré-determinadas.

O que são rimas pobres, tão temidas pelos poetas?

Isso é uma classificação teórica. Tem a ver com categoria gramatical. A rigor, rima rica ocorre entre categorias diversas, e a pobre, semelhantes. Ainda, quanto ao número de sílabas finais entre as palavras que vão rimar e suas sílabas tônicas. A verdade é que há uma boa rima quando o nosso ouvido diz isso. É preciso soar de modo agradável. O ouvido é o juiz.

Um poema, hoje, precisa necessariamente ser curto?

Há uma certa tendência a se escrever poemas curtos, porque se lê pouco poesia, porque parece que houve mais capacidade de síntese, ou porque poema longo cansa, além de exigir maior espaço de impressão. O poema longo tem outra estrutura, acaba sendo narrativo ou desenvolve algo laudatório, e o interesse cai com essas características. É complexo. As facilidades de divulgação de um poema levam a escolher os mais curtos, também. Pode se fazer isso no Facebook, por exemplo. Eu diria que podemos tirar a palavra necessariamente dessa questão, e colocá-la como vantagens de poema curto.

Poeta nasce poeta ou se constrói como poeta?

Temos um grande número de aptidões e facilidades congênitas. Algumas tendências vão se formando de acordo com as experiências de vida. Há uma conjugação de fatores que levam alguém a se aproximar da poesia ou ver o mundo dessa forma. Seria preciso entender cada um para saber onde começou. Mas é verdade que podemos nos construir melhor se tivermos essa tendência. Também é verdade que a poesia exige um tipo de síntese de pensamento. Quem é mais analítico do que sintético, poderá preferir a prosa. O poeta prefere a síntese. Mas muitos autores tem fases variadas, nada é rígido para quem escreve. A não ser desejar escrever bem, e revisar, claro.

Qual autor ou autores foram decisivos para a sua formação literária?

Agora estou sem palavras. Foram muitos. Para exemplificar um autor que foi crucial, diria Charles Dickens, na adolescência. Também me abriu um mundo a biografia de Marie Curie. Um ser humano excepcional, uma lutadora, e como sua filha conseguiu descrevê-la e mostrar aquele mundo me impressionou. Romances franceses, Hemingway, Somerset Maugham, Walt Whitman, Longfellow, Wordsworth, Keats e Shakespeare,acima de tudo. Machado, Castro Alves, Olavo Bilac, Quintana, Neruda, Drummond, Bandeira, etc e etc.

entrevista com Vera Verissimo

 

 

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