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Dicas para quem quer começar a escrever ficção

Luísa Tessuto: Que dica você daria para quem quer começar a escrever ficção?

André Roca: Eu acho importante que a pessoa saiba que só o talento, normalmente, não basta. Muita gente acha que tem talento para a escrita ficcional, e acha que isso é suficiente. Minha dica para quem quer escrever ficção é que busque, sim, alguma orientação, seja para aprender, seja para relembrar técnicas de escrita. Com o domínio dessas técnicas, a pessoa poderá se desenvolver ainda mais. Eu sou do time que acredita que a técnica não vai atrapalhar o talento que a pessoa tem. Ao contrário, vai colaborar.

Luísa: Para escrever ficção o mais importante é ter boa imaginação ou experiência de vida?

André: A imaginação é fundamental sempre. Sem ela, vamos ficar empacados (olha o bloqueio aí) em um texto que não leva a lugar algum. O bom dessa questão referente à bagagem de vida é que a cada minuto a gente está aumentando essa bagagem, né? A cada hora, a cada segundo vivido a nossa bagagem é ampliada e isso vai nos servir se soubermos usar, se tivermos imaginação. Vejo muitos alunos dos cursos de escrita trazendo um texto para análise e depois “confessando” que o conflito era baseado em fatos reais. Ou seja, eles estão usando a bagagem de vida deles, aquilo que eles viram, presenciaram, sentiram, e estão usando a imaginação para colocar isso em forma de texto ficcional, para que aquela história fuja de algo meramente memorialístico e se torne uma obra artística. Então, acho que as duas coisas se completam.

Luísa: Escrever é só inspiração, como muita gente diz?

André: Não. Eu gosto de dizer uma frase que é atribuída a Pablo Picasso e que o mestre Luiz Antonio de Assis Brasil sempre fala para os alunos (e como sou do time Assis, sempre repito): “A inspiração tem que te encontrar trabalhando”. Com isso, eles estão nos dizendo “ok, existe, sim, inspiração”. Mas também estão fazendo um alerta: não espere a inspiração chegar para só então começar a produzir. Produza, escreva. Durante o processo, em algum momento, você se sentirá inspirado. E renderá ainda mais. Ficar esperando não funciona. Pelo menos comigo não funciona. Eu tenho que estar lá produzindo, tentando, e posso até estar empacado em algum pedaço do texto, mas sei que, se persistir, em algum momento o texto vai fluir.

Luísa: Existem critérios para ser um escritor ou qualquer pessoa pode escrever?

André: Qualquer pessoa pode escrever, sim, como qualquer pessoa pode aprender a tocar um instrumento musical, a pintar uma tela. Agora, se qualquer pessoa pode atingir um nível de excelência nessa arte, não sei. Vai depender muito do empenho da pessoa, e nem isso é promessa de que será possível superar alguns limites. Eu, por exemplo, não pinto. Gosto de apreciar pinturas, mas não entendo nada sobre as técnicas. Se começasse a pintar hoje, pintaria como uma criança de dois anos. Será que um dia eu poderia atingir um nível de excelência? Se persistisse muito, talvez. Mas acho que não. Agora, será que eu sairia desse nível terrível em que me encontro, de não saber pintar nada, para um nível aceitável, em que alguém olhe para minha tela e diga: “Legal, gostei dessa pintura”? Acho que sim.

Com a escrita é a mesma coisa. Se alguém acha que escreve muito mal, mas quer escrever melhor, existem caminhos para essa pessoa. O texto vai ser melhorado ao longo do tempo. Um dos caminhos, é óbvio, é ler muito. Quanto mais se lê, mais identificamos no texto dos outros aquilo que é bem feito, que talvez não funcione para determinado objetivo. Aí, na hora da prática, a pessoa acaba emulando aquele autor que agradou, abandona escolhas do passado, encontra alternativas. Essa pessoa um dia vai ser um grande gênio da literatura? Não sei, depende muito do empenho dela, do domínio que ela vai conseguir ter, de algum talento também. E ninguém está proibido de acertar em cheio e produzir uma obra magnífica, ainda que esses sejam raros. Enfim, acho que dá, sim, para aprender.

Luísa: A tua formação em Jornalismo, Letras e Escrita Criativa te ajudam no processo de escrita? E elas são essenciais?

André: A minha formação me ajuda muito. No colégio, eu era um aluno mediano em redação, mas gostava, achava que poderia fazer melhor. Aliás, pensando sobre a pergunta anterior, acho que sou um dos casos de alguém que conseguiu evoluir – e sigo buscando uma excelência. O Jornalismo me deu muitas ferramentas, tornou-me próximo do texto. A Letras me instrumentalizou mais ainda. Quando entrei, sabia bem menos de português do que sei hoje.

Quando perguntam se a pessoa tem que fazer um curso ou ter uma formação para ser escritor, costumo dizer que não, apesar de estar dando aula de escrita. Os cursos, porém, vão te fazer se sentir inserido no meio artístico.

O professor Carlos Gerbase sempre dizia para os alunos que queriam fazer cinema que era preciso encontrar uma turma. Porque aí você vai se sentir motivado, vai compartilhar experiências. Isso os cursos proporcionam. Encontrei a minha turma nos cursos que fiz e evoluí com eles.

Luísa: Qual a importância da oficina de escrita para quem quer começar a escrever?

André: Instrumentalizar as pessoas que querem escrever, mostrar para elas que, assim como as outras artes, existe uma técnica que pode ser aprendida, e que o domínio dela vai depender de quanto eu pratico. A gente consegue, numa oficina, mostrar isso para as pessoas. Se você souber dominar as ferramentas, a jornada tende a ser um pouquinho menos dolorosa do que a de quem vai aprendendo sozinho, na marra.

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